Quando somos jovens na escola secundária, tentam incutir-nos os gosto pela literatura... Livros como "Os Maias" de Eça de Queiroz ou a "Aparição" de Virgilio Ferreira são-nos "vendidos" como clássicos da literatura nacional, livros imperdiveis e que devemos adorar. Ou seja, são-nos impingidos. E o que é que acontece na maior parte dos casos? Ao final de 20 ou 30 páginas já deitamos os clássicos pelos olhos e passamos para os resumos da Europa-América.
O mesmo se passa com a poesia. Lemos poemas incriveis e depois obrigam-nos a dissecá-los. "O que é que pensas que o poeta queria dizer com isto?" perguntam, para muitas vezes nos dizerem que estamos errados na nossa interpretação. Lembro-me de pedir à minha mãe para me ajudar a estudar Fernando Pessoa, poeta que adora, e quando tentava com ela dissecar os poemas a resposta foi "A poesia não se explica, sente-se!".
Resultado, eu que sempre gostei de ler, acabei o secundário a afirmar que não gostava de poesia. Felizmente mais tarde percebi que estava errada. Gosto de poesia, gosto de prosa, gosto de ler e gosto de escrever (ou não tinha um blog!)! Apenas estava a ser mal orientada por um sistema de educação que me impingiu livros que por muitos bons que sejam (como é o caso d'Os Maias), eu não tinha idade/maturidade para ler e a dissecar a poesia em vez de a sentir.
É claro que temos que aprender as regras gramaticais, os recursos estilisticos, etc, etc, mas a verdade é que a maior parte das pessoas da minha geração nada ou pouco lê e escreve mal. Missão não cumprida. Não seria melhor fomentar o gosto pela leitura e ensinar as regras com livros adequados à idade, ainda que não sejam o supra-sumo da literatura? Se assim fosse, os jovens continuariam a ler pela vida fora e haviam de chegar aos clássicos, como aconteceu comigo e com tantos outros.
Fui só eu que fiquei com o trauma, ou é geral?? Terei tido más experiências com os professores de Português? Qual foi a vossa experiência?
Deixo-vos com um poema de Fernando Pessoa (ortónimo), que adoro!
Boas leituras,
Mi.
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